domingo, 6 de julho de 2008

SOU AVÔ... QUE DELÍCIA! - Bueno

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Não havia passado pela minha cabeça um dia ser avô, dois filhos solteiros em casa, nenhum casamento à vista... Eis que, um belo dia, meu filho mais velho e a namorada chegam em casa (namoravam havia quatro anos e hoje somam 16 anos juntos) e me dão a notícia de que eu seria avô. Levei um tranco, fiquei estático por segundos, depois cai na real... Acontece com tanta gente, e então chegou a minha vez. Virei avô com 48 anos e, na minha concepção, teria que ter um pouco mais de idade para tanto. Confesso que não estava preparado para essa nova função em minha vida, e me perguntava: “Será que vou saber ser avô???” A missão de pai creio ter cumprido como aprendi com o meu, mas ser avô? Não aprendi a ser avô, nunca pronunciei a palavra vovô, não tive avô. Quando nasci eles já tinham partido, e decidi ser avô do meu jeito. Passei a observar a dedicação dos avós para com seus netos. Deus faz as coisas com muita sabedoria, e descobri que avós têm amor de sobra para oferecer ao neto, além de ter mais tempo hoje do que quando era somente pai. Faltavam ainda cinco meses para a chegada do neném. Nessa longa espera, ficava a imaginar como ele seria. Peguei meu violão e comecei a compor uma linda música que coloquei o nome de Gente Nova, cuja letra escrevo aqui alguns versos: “... Tá chegando gente nova, em um lar cheio de amor/ Como serão seus cabelos, e os olhinhos de que cor?/ Vejo roupinhas penduradas no varal, sinto cheiro de bebê no ar/ Gente nova tá chegando pra enfeitar todo meu lar.”E ele chegou, provocando mudanças no meu lar. Afinal, tudo era para ele. Não contive a emoção quando o tive nos braços pela primeira vez. Quando sua frágil mãozinha segurava um dedo meu, lhe dando a certeza de se sentir seguro no colo do avô, e ficava ali na maior corujice, embalando aquele pingo de gente, sabendo que naquele pequenino ser havia um pouquinho de mim. O tempo voava e ao ver seus primeiros passos, tratei logo de comprar uma bola. Ele foi crescendo, lhe ensinei o linguajar dos boleiros como “jogar de calcanhar”, “tocar de letra”, “bater de três dedos”, “chutar por cober­tura”... Até hoje ouço ele falar o que comigo aprendeu. Quando ouvi sua voz falar “vovô”, percebi que era hora de preparar um repertório de histórias para povoar sua cabecinha de causos. E o interessante era repetir, a pedido dele, algumas histórias que ele gostava. Quando omitia sem querer uma palavra, ele logo me corrigia: “Vovô (que delícia ouvi-lo me chamar assim), você esqueceu aquele pedaço...” E eu, na maior inocência, invadia seus sonhos e repetia tudo com a maior paciência.Procurei desfrutar o máximo sua fase infantil. Em sua primeira vez no mar, eu estava junto, assim como em sua primeira ida ao campo de futebol, em que ele não estava nem ai para o jogo, só queria saber da pipoca, sorvete e outras guloseimas. Se eu pudesse parar o tempo, o conservaria com idade até cinco anos para ser criança com ele. Mas a vida voou e lá se foram doze anos, ele já não brinca mais comigo, nem corre mais no meu quintal, tem hoje seus amiguinhos da escola, muitos afazeres... E me conformo, é a vida. Quero que ele conte para seus amigos que tem um avô parceiro, quero que ele voe alto, o mais alto que puder, quero que ele seja do tamanho de seus sonhos, que cruze mares e oceanos sabendo que aqui tem um porto seguro para ancorar seu navio, dentro do coração do avô. Você que ainda não é avô, se prepare para viver grandes emoções. E não é difícil ser um bom avô, basta ter amor... amor... muito amor.
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(Cantor e compositor Bueno - Fone: (16) 9777-3377 - buenocantor@terra.com.br)

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